Ah, mundo. Tão vasto, e enorme mundo.
Enorme mesmo. Muitos milhões de quilômetros quadrados.
Muitos bilhões de pessoas. Milhares de cidades. Centenas de países. Tantas
vidas, corridas, sofridas, vivem e morrem todos os dias. Todos os dias.
Eu vivo em uma cidade. Moro com minha família. Tenho amigos
do colégio, que agora vejo ocasionalmente, e amigos na faculdade, que vejo
todos os dias (e nas madrugadas também, às vezes). Sempre nos encontramos, nos
abraçamos, nos irritamos, damos tapas, e brincamos de levar a vida a sério
enquanto tomamos um açaí com leite ninho, perto do bloco da Música. E tem
também os amigos da igreja, os da escola de inglês, e todos aqueles que a gente
acaba conhecendo pelas quebradas da vida.
E mesmo com esse tanto de gente ao meu redor, dentro desse
meu comprometimento de tornar amigos em irmãos, eu ainda consigo arranjar mais
gente pra cuidar e amar.
Só que longe de mim.
Essas pessoas que a gente conhece sem querer, nos
comentários de um blog, ou num grupo no Facebook. Pessoas interessantes (que
compartilham dos nossos interesses mais bizarros), a princípio seres aleatórios,
mas que vão entrando na nossa vida, na nossa rotina, até que percebemos que já
se tornaram como companhias congênitas, daquelas que você quer levar pra vida
inteira. Daqueles com quem você quer sair pra falar sobre besteiras, sentado
num balanço do departamento de Física, fazendo barulho com o canudinho do
refrigerante.
Mas eles não estão aqui.
A gente se fala todos os dias, mas quando eles choram, não dá
pra abraçar um computador e esperar que ela fique bem. E dar tapas no mouse não
é efetivo como forma de expressar nossa indignação quando fazem besteira. Damos
risadas, mas às vezes gostaria de escutar como elas soam juntas, sem o som
metalizado de um fone de ouvido. Videoconferências não bastam quando ganhamos
um brinquedo novo, ou estamos chorando copiosamente.
Nosso calor, tão mais quente quanto o humano, é apenas
virtual.
Quem sabe quando poderemos nos encontrar?...
...
Hoje, mais tarde. Amanhã. Semana que vem. Ano que vem.
Nunca?
...
...
O nunca nunca mudaria.
Na falta do calor dos seus abraços, o calor de seu amor
e sua amizade aquece meu coração.
Posso me virar enquanto nos vemos só nos sonhos.
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Abra seu coração.