9 de dezembro de 2015

When words fail

     It’s hard for me not to think about the time I’ve been abroad whenever I try to write down my feelings and ideas, because that’s basically the most important thing going on in my life. 81 days now. Trying to explain how fast it’s going is pointless and hurtful, because I’ve caught myself thinking of how I could just stay here and never return to the mess that my homeland has become a lot more times than I wish I had.
     
     Anyone in this same position of not only leaving home, but moving to a whole different country, will definitely waste a lot of time complaining about all the comfortable things one has lost when deciding to go on this life-changing jouney. Luckily, I’m not anyone to complain on how I miss my car and my warm weather without speaking first of all these new things I’ve figured out about myself. That’s why I think that most of us eventually end up with some huge text posted online. Internet has made it easier for anyone to catch up with our latest experience. That’s phenomenal. We just love to tell the world how we are.
     
     I ocasionally end up talking a little bit about my experiences here on my snapchat, not just because it’s a fantastic social network (yes, it is) because of how quick you share things and they disappear forever shortly after, but also because I know that there’s a lot of people who care about me and that expect me to tell them what’s going on with my life on a daily basis (hi, mom), and snapchat just makes it a lot easier, closer, more human. I could actually be doing this on snapchat, recording my words and the weird yet funny faces that I effortlessly do.
     
     But this is a reflection about writing. And writing demands words to be typed, read, felt together. God bless those who made it possible for blind people to read with their own hands. The inner feeling we get with our eyes is surprisingly comparable.
     
     I’ve tried to understand what writing actually means to me a bunch of times. I believe that I may have finally and inadvertently assembled a rather satisfactory answer to that question, while renewing this blog’s layout. “Escrever é meu mapa pessoal do tesouro de ser feliz” (“Writing is my personal map of the treasure of being happy”), and I am the land to be explored.
     
     The truth behind that may be the key to this wonderful self-awareness I have developed over the past years. As complicated as I may be, as uncontrollable, unstable and emotional as I may get, I would have never been able to acknowledge that through any other way than literature. I may have abandone my tales and poems for a while, but I still see myself in each one of the characters I created, and I ocasionally think of them and wonder how their lives would be now if they were alive somewhere else than inside my head. But, still, I can’t help but write all the time.
     
     I haven’t been exposing myself lately in a desperate attempt to protect my own heart from my own stupidity, but I must say that I am most certainly tired of covering my feelings up. I have too many, and they just don’t fit inside this body of mine (even with all the weight I’ve gained since moving out). I live in a constant overflow of feelings. Even if my words never reach the paper, never get typed, I write all the time inside of my head, as if my gray matter demanded imaginary words written on its surface. My passion for the Arts and the Sciences may be high, but I am a writer, after all. I may be writing at you right now, actually, on the lines of this beautiful colorful iris of yours that I’ve been staring at for so long.
     
     A picture may be worth a thousand words, but I only know of music speaking whenever words fail. But that’s something for a different moment. For now, words are enough for me.

2 de novembro de 2015

Welcome to the New

     Já foram 44 dias de Reino Unido e, apesar do layout estar pronto já há vários meses, não havia arriscado escrever nada ainda. 2015, na verdade, foi um ano muito parado, apesar de todos os planos que eu havia feito. Ninguém mais usa blogs hoje em dia, alguns diriam, mas eu continuo mantendo o meu, mesmo que às vezes fique tão abandonado. Casa é casa, e, no fim, a gente sempre volta. 
    
     Engraçado porque, no momento, tudo aquilo que eu chamo de "casa" é novo, diferente do que era 45 dias atrás. Agora, já estou bem estabelecida, correndo pra viver meus sonhos mas, acima de tudo, os sonhos de Deus pra mim aqui. E, mesmo sabendo que eventualmente a vida vai me levar de volta pra casa, o tal do choque cultural não me pegou. Nenhuma dificuldade me fez chorar e sentir tanto a falta do lar que eu quisesse largar tudo e ir embora correndo.
    
     Se você é alguém que já me leu em outros momentos, sabe que sempre fui muito apegada à dor, em parte por acreditar que ela constrói, muito mais que destrói. E isso é bíblico, na verdade - "melhor estar na casa em que há luto que na casa em que há riso". Não que eu não ria aqui; rio muito, o tempo todo, pelos bons amigos brasileiros que vieram comigo, e pelos bons amigos que estou fazendo no ambiente um tanto hostil da universidade e na igreja tão aquecida pelo amor do Senhor que encontrei. Mas, para alguém que sempre ponderou tanto sobre solidão, nunca deixa de faltar a ponta de dor no coração quando se lembra de que tudo que já conheceu até hoje na vida está muito, muito distante.
     
     Tudo ainda é lindo, até a neblina que cegava a vista da minha janela hoje de manhã, os ternos e gravatas dos rapazes se preparando para apresentar trabalhos de arquitetura, as árvores despidas de outono, a mistura de sotaques de todos os dias. Poderia ser deslumbramento, mas é um pouco mais que isso. É gratidão.
    
     Uma gratidão bem mais funda, que consegue se regozijar no domingo perdido lavando roupa, no quarto bagunçado, na falta de família no Natal, na ausência de caronas num dia de chuva inesperada, na falta de colos e mimos quando algum mal ataca o corpo ou, tão fortemente, o coração. Muito mais que feliz por morar na Europa, no Reino Unido, em Leicester - essa cidadezinha tão mal compreendida - , estou feliz por estar construindo minha história e poder contar com esse ano tão privilegiado.
     
     Por trás de toda compra feita com dinheiro trocado hoje pra não faltar amanhã, existe um propósito muito maior, que foi orquestrado com amor pelo Autor da minha Fé. Estou cumprindo meu destino. Nada pode ser mais gostoso que isso.
   
   
     

27 de março de 2015

Da minha consciência.

     De tempos em tempos, eu creio que precise renascer nas minhas percepções de mim mesma. Há algumas semanas, constatei, com horror, que a pessoa que eu vinha me tornando estava sendo sufocada, dentro da minha mente, pela pessoa que eu era - recusando-se a morrer, sozinha, como sempre temeu estar. Hoje, acordei em meio a um surto psicótico de um eu que eu cria haver matado há muito tempo já. Enquanto a chuva caía lá fora, insistente, há tantos dias, suas mãos me prendiam a garganta e o ar me faltava.
    
     Eu queria mentir para todos ao meu redor e dizer que tudo estava tão bem quanto deveria, mas eu sempre fui muito carente de atenções. Na minha busca por discrição e silêncio, calei um pedaço de mim que agora chora, quase morrendo, mas recusando-se a sair. Por 20 minutos, parecia uma grande sombra negra que encobria não só os céus de bronze, mas os céus de mim, e já não havia qualquer luz. Meu chão foi embora e a leveza que vinha sentindo há alguns dias não foi suficiente para me fazer gravitar. Caí em queda livre.
    
     Ainda não paramos. Nem eu, nem a chuva.
    
     

31 de janeiro de 2015

Eu só sei amar em alto e bom som

     Eu me lembro que comecei a escrever compulsivamente aos 14 porque queria muito dar vazão às coisas que eu não conseguia dizer. Com o tempo, a necessidade de escrever apenas foi passando, e eu passei a querer que as pessoas lessem as ideias e sentimentos que eu colocava no papel (foi bem quando surgiu o Corvo Correio). O passo seguinte foi levar isso pras redes sociais, e garantir que o máximo possível de pessoas tivesse acesso. 
     
     Se desnudar em público, através da literatura, é um vício. Você se acostuma a compartilhar tudo que sente com gente indefinida, e elas sabem o que tá dentro de você, e quem sabe até sintam o mesmo. Tem quem diga que é perigoso e nocivo, e eu não deixo de concordar - se fosse pra gente se expôr em praça pública dessa forma, o coração não vinha guardado dentro do peito, com tanto osso, carne, sangue e pele cobrindo.
     
     Acontece é que, quando o coração entra em combustão, explode e sai voando por conta própria, não dá pra fingir que tá tudo bem, tudo normal.  Faz até mal, eu acho, não abrir uma janela pelo menos pra que a fumaça escape e não sufoque de dentro pra fora. Deixo meus parabéns aos que sabem amar em silêncio, acho que o mundo recompensa melhor vocês que aprendem a guardar para si. Eu só sei amar em alto e bom som.
   
   

20 de janeiro de 2015

Do Amor

     Eu me encantei com a ideia de amar muito jovem ainda. Conheci o Perfeito Amor criança, aos 8, e carreguei comigo até que, aos 16, eu compreendi o que significava. E, ainda assim, mesmo conhecendo e conquistando o maior Amor do mundo, eu não entendia como eu poderia senti-lo. Parecia tão grande pro meu pequeno coração humano, tão inseguro e simples.
    
     Nesse meu pouco tempo de vida, eu achei que amei muitas pessoas. Hoje, eu vejo como não passavam de sentimentos rasos e incompletos, egoístas, até meio bobos. Amor é uma decisão bonita demais pra ser reduzida a uns quereres mal quistos, mal compreendidos, cheios de poréns. E amor não acaba, também. Você só pode desistir. Uma pena, mas existe quem cujo coração não suporte o peso deum mundo que matou o Perfeito Amor.
    
     Meu esclarecimento chegou, ao mesmo tempo, ao coração e ao conhecimento. Papai, numa sintonia dessas que só pais sabem proporcionar, foi quem me trouxe as palavras que descreviam aquilo que vinha crescendo dentro de mim. A olhos totalmente nus, eu vi que te amo mais em seu estado mais inútil, mais despojado de belezas, de encantamentos, atrativos, charmes, finos tratos.
    
     Na plenitude da sua feiúra e da sua pobreza, o amor é tão maior que aí, enfim, é amor de verdade. Sem potências, só a essência daquilo que você é, do seu coração. Sem vigor, sem juventude, sem perspectivas, sobra tanto quanto ou mais dentro de mim, pra que metade de mim seja Amor, e a outra metade seja aquilo que te faz sobreviver.