19 de setembro de 2012

Peggy, Maggie, Margareth.



Margareth. 
     
Margareth era Margareth.
     
Tinha nome, mas não o queria por completo. Tinha jeito de quem esconde alguma coisa, mas até esse jeito ela escondia dos outros. Mesmo depois de tantos anos, eu ainda sentia que faltava muito para conhecê-la realmente. Uma metamorfose ambulante de verdade. Raul a adoraria.
     
Vamos chamá-la aqui de Peggy. Que é como ela realmente gosta.
    
Peggy.
    
Pois bem, Peggy era Peggy.
     
Nossa amizade era difícil. Bonita, mas difícil. Unida, consolidada, mas ainda assim. Éramos diferentes demais. Muitas vezes, muito parecidas. E, mesmo dessa forma, bagunçada e incerta de sermos próximas, seguíamos nos aproximando ainda mais. Após tantos anos, ela foi o mais próximo que eu havia chegado daquela amizade idealizada de infância.
     
Foi a irmã seis meses mais velha que eu jamais teria. Foram mais broncas que recebi do que palavras amigas, em várias ocasiões – mas isso só comprovava nossa força. Sonhávamos e desejávamos coisas parecidas. Vez ou outra, as mesmas. Ou ainda, os opostos completos. Sempre seria engraçado argumentar sobre o que era melhor, ou falar de memórias nostálgicas das diversões que compartilhamos em anos passados.
     
“Peggy”, eu costumava dizer, “Vamos nos casar juntas.”. “Não, não vamos”, ela respondia. “Vou me casar muito tarde pra isso”.
     
Era sempre assim, meu coração partido, porém otimista, e seu coração partido, porém realista.
      
Houve também aquele dia, em que eu chorei. E todos aqueles outros também. Peggy tinha medo da vida real em tantos momentos, mas nos mais reais ela se abria e deixava minha tristeza entrar, pra que me deixasse em paz por um momentinho. Devolvia pra mim uma infelicidade menor. Nunca soube certamente se ela diminuía devido ao seu coração bondoso, ou se apenas roubava alguns pedaços para si.
      
Imaginávamo-nos idosas, sentadas em cadeiras de balanço, falando da vida e das coisas que conquistamos, escutando músicas antiquíssimas que nos fariam lembrar a juventude. Rugas profundas nas expressões, bochechas flácidas por tanto rir, dedos calejados por tanto digitar nossas risadas e nossa vida entre as linhas de um conto ou poema.
      
A Literatura nos salvaria das dificuldades. E nós salvaríamos uma a outra da solidão.

[Feliz Aniversário, Peggy <3 Digo, Paula <33]

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