22 de dezembro de 2016

31 Devocionais #21 - A Morte é Lucro


     A fé cristã nasce a partir da morte. Jesus seria apenas mais um profeta, não tivesse morrido e ressurgido dentro os mortos. A morte e a promessa de vida. Não apenas a vida que respira, que se move pela terra, mas que perdura pela Eternidade, de volta pra casa, ao lado do Pai, através do Cristo.
     
     Os primeiros cristãos, testemunhas da vida, morte e ressurreição de Jesus, entendiam que haviam sido chamados para com Ele morrer e então viver eternamente. Mas não como quem teme a morte e sonha com fartura de dias, mas como quem não teme aqueles que podem apenas ferir seu corpo, e não seu espírito. Todos os apóstolos escolhidos de Jesus foram martirizados pelo evangelho - não por correrem atrás da morte do corpo, mas pelo Amor escandaloso por Jesus, e a disposição de ir até os confins da Terra para cumprir a carreira proposta diante deles. 
     
     Paulo estabelece o patamar de vida que devemos buscar quando diz em Filipenses 1:21 que o viver é Cristo, e a morte é lucro. Se você é cristão e tem medo de morrer, você ainda não entendeu a fé que proclama, você ainda não entendeu a promessa da Vida Eterna. Tudo é vaidade - nada é indispensável, e o Senhor ainda provê tudo por amor a nós. Não há motivo para ansiedade, nem medo. Nosso viver foi entregue à Ele e toda vez que respiramos, respiramos por Amor àquEle que primeiro nos amou. 
     
     Nem todos são chamados para ser mártires pelo Senhor; vários viveram, e viverão, fartura de dias caminhando sobre a Terra com o Espírito Santo. O coração de todos, no entanto, é chamado para as mesmas convicções; viva 20 ou 80 anos com a certeza de que aquEle que te salvou foi Senhor de todos.
     
     Por Amor dEle, já matamos nossa própria carne, nossa própria vontade, todos os dias. Não existe coisa, não existe dinheiro, presente, pessoa ou sentimento mais importante que a certeza de que nosso Pai nos ama, e nos chamou para ir ao mundo, levando Seu Fogo em nosso peito. Não ame sua vida, ame viver pra Cristo. A Alegria dEle é a sua força, e a Vida Eterna é a recompensa que Ele prepara para aqueles que forem fiéis até o fim dos seus dias. 
     
     "mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus." Atos 20:24
    

21 de dezembro de 2016

31 Devocionais #20 - Ainda sobre a Cruz

     Ah, a Cruz, grande símbolo da nossa fé em Jesus. O ato que é o princípio, meio e fim da carreira que buscamos concluir. O Peso e a Leveza do maior ato de Amor da história.
    
     Durante a Guerra Fria, o governo comunista da Alemanha Oriental ergueu uma grande torre de televisão em Berlim, para mostrar o poder e a grandeza da revolução sobre o capitalismo. A estrutura, de 365 metros de altura, foi desenhada para lembrar um foguete na base e no topo uma esfera similar ao satélite Sputnik 1, lançado no espaço pela União Soviética em 1957.
    
     Os regimes socialistas/comunistas possuem ideologias fortemente contrárias à religião, principalmente devido às muitas formas como foram usadas como instrumento de controle das massas contra o sentimento revolucionário. A torre foi inaugurada em 1969, logo após uma sanção do governo do Leste ordenar que as igrejas em seu território retirassem as cruzes erguidas sobre seus telhados. Para a surpresa de todos, quando os raios de luz solar iluminaram pela primeira vez a esfera no topo da torre, a difusão da luz sobre os painéis metálicos fez com que o reflexo lembrasse claramente uma Cruz. 
    
A situação real da torre sob a luz do Sol.
     O episódio ficou conhecido como "A Vingança do Papa" e, apesar das várias tentativas de apagar o erro, o estrago já estava feito. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos, e a tal continua lá, até mais alta que antes (368 metros agora) e com uma Cruz permanecendo brilhando todos os dias sobre Berlim. Não dá nem pra dizer que Jesus não é um cara bem-humorado.

20 de dezembro de 2016

31 Devocionais #19 - Precisamos pensar mais na Cruz

     Texto publicado ontem no meu Instagram. Fez sentido hoje o dia todo. 
     
     Jesus disse que toda a Lei e os profetas dependiam de dois mandamentos - amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a nós mesmos. Um pouco antes de morrer, no entanto, Ele mexe um pouco nas regras do jogo, e aumenta o nível - o novo mandamento era que nos amássemos como Ele nos amou. 
     
     A recomendação de não andar ansioso por coisa alguma cai bem quando tentamos contemplar a grandeza de quem Deus É. Seu Tempo, Seu Poder, Seu Domínio, Seu Trono, Sua Graça, Sua Misericórdia, Seu Amor, Sua Vontade. Quantas coisas permitiu Deus que o homem fizesse, e como nenhuma delas consegue expressar com exatidão a altura e a profundidade do Senhor.
    
     Acho que é por isso que as pessoas enlouquecem. O peso da Eternidade foi escrito em nós, mas este corpo é muito limitado pra contê-lo e entendê-lo. Sem um abraço de Amor do Pai pra dar liga à mistura de pensamentos e sentimentos que povoam a mente de um filho qualquer, o sentido da Vida se esvazia. 
     
     Podemos imaginar que seja essa a razão pela qual Ele escolheu a Cruz como símbolo da nossa fé e do Amor dEle por nós. A estrutura mais simples e óbvia que duas peças podem formar. Tudo é simples no Senhor, no lugar em que Ele nos esconde, nos protege, nos consola. Lança fora todo o medo. Amamos como Ele nos amou porque não existem motivos ou questionamentos, apenas o amar em obediência. 
     
     Todas as minhas ansiedades e preocupações se esvaziam na Cruz, porque o fundamento da fé é simples demais pra que eu deixe minha mente complicar. Tudo que existe em Deus depende do Amor, porque, sem Amor, nada que existe em Deus faz sentido.
    

9 de dezembro de 2016

31 Devocionais #18 - Pra onde eu irei? (sobre o primeiro Amor)

    
     Um dos grandes desafios na vida cristã é a constante volta ao primeiro Amor, aquilo de que o Senhor fala na carta à igreja de Éfeso, em Apocalipse 2. Primeiro Amor fala daquele momento em que você acabou de se apaixonar, e toda a sua vida gira em torno de quem você ama - seu primeiro e último pensamento, o objeto dos seus sonhos, planos, conversas. 

     Muitas pessoas lutam para permanecer no primeiro Amor porque a vida cristã comprometida vem com responsabilidades - discípulos, ministério, eventos, horário, despesas. Com o tempo, essas responsabilidades se tornam o centro da vida, e ocupam o lugar de Jesus - a Pessoa pela qual tudo isso, em teoria, deveria estar sendo feito.
     
     Existem várias maneiras de manter o fogo do primeiro Amor sempre aceso no coração. Algumas pessoas mantém uma disciplina espiritual rígida, e eu acredito muito na importância de garantir que Jesus seja parte real, natural e dominante da nossa rotina. Mas minha estratégia favorita é manter um espírito de constante contemplação diante do Senhor.

     Contemplação fala quase de uma posição de terceira pessoa na história, vivendo e ao mesmo tempo observando tudo que você tem vivido. Uma pessoa capaz de não perder essa visão de "pássaro", enxergando o conjunto, não consegue desviar seu coração do Real Operador dos milagres e da salvação. Muito tempo depois de você ter sido regastado pela primeira vez, seus olhos e coração precisam continuar exatamente onde e como estavam naquele primeiro dia, pra que você, olhando pra tudo que ocorrer na sua vida, não se esqueça de onde você veio. 

     Assim, seu coração nunca vai se esquecer de que, onde quer que você vá, sua vida anda em círculos em torno de Jesus. Não há mais para onde ir, pois só Ele tem as Palavras de Vida Eterna.
    

7 de dezembro de 2016

31 Devocionais #17 - Não se acomode!

     Texto base: Apocalipse 3:14-17
    
     Uma das buscas mais naturais do ser humano é por comodidade. Escolhemos naturalmente as coisas que nos trazem menor desafio, menos esforço, menor custo. A famosa "zona de conforto" traduz justamente esse ponto que alcançamos na vida em que a situação atingiu um equilíbrio que nos libera da responsabilidade do trabalho duro que fizemos para chegar até ali.
    
     Se você é cristão, lamento ser quem te informa que não existe zona de conforto. Não existe momento algum em que você terá recebido o suficiente do Senhor. Se você está satisfeito com o que já recebeu até agora de Jesus (satisfeito como quem não acha que precise de mais), lembre-se do que disse o Pai na carta à igreja de Laodicéia (Ap 3:15-17) -
    
     "Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca. Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu."
    
     Você pode ter recebido muito da presença de Deus, e pode ter mais que muitas pessoas, mas ainda é pouco perto do que o Senhor tem pra sua vida. A grandeza do nosso Pai é incomensurável, e é do interesse dEle nos encher continuamente, para que possamos nos tornar cada vez mais parecidos com Ele, e para que possamos ser um canal de bênçãos que possa impactar a vida de outros que ainda estão perdidos pelo caminho.
    
     E isso vai além do que podemos fazer em nosso curto tempo de vida. Em Filipenses 1:6, Paulo diz que a boa obra iniciada em nossa vida só será completada no dia de Jesus Cristo - vai além do dia da sua morte, a boa obra na sua vida também engloba seu legado, sua arca continua a se encher ainda que você já tenha partido.
    
     Não se acomode na sua busca com Deus. Não se esqueça do que Ele já fez por você, mas não perca dimensão do que Ele ainda pode fazer. Não se acomode na sua vida mundana, nos seus sonhos mudanos, mas tenha a ousadia de se entregar mais todos os dias diante do Senhor, porque Ele promete Se achegar àqueles que se achegam à Ele.