4 de fevereiro de 2014

Eu não sei o que podemos fazer, Maria

     Eu também tô ferrada, Maria, eu também tô ferrada. Não tô sabendo pra onde eu vou, de onde eu vim, o que fazer. Eu tô desanimada, Maria, eu tô desanimada. Eu tô cansada. E eu tô precisando mudar, revolucionar minha vida. Mas eu não sei o que fazer, eu realmente não sei. Eu tô perdida, Maria, eu tô tão perdida quanto você. Pra onde a gente vai agora, Maria? Eu não tô enxergando o caminho.
     
     E eu tô apaixonada, Maria. Tô apaixonada, de otária que sou. Tô sem saber pra onde eu vou com isso. Eu não queria, Maria, eu juro que não queria. Mas daí foi maior que eu, mais forte que eu. Eu fico sem saber o que vai ser, é sempre tudo tão difícil pra mim. Pra nós, né. A gente se magoa tanto. Eu tô apaixonada, mas isso não me dá mais vontade de viver, não tanta quanto eu preciso, e queria. Eu queria fazer alguém feliz, Maria, é por isso que eu amo. Mas até os meus amados amigos estão infelizes e eu tô deixando, Maria. Você tá infeliz, e eu não consigo fazer nada. Eu não mereço nada bom, Maria.
     
     Mas eu queria merecer, sabe, Maria. Eu queria. Mas eu não sei o que eu devo fazer. Eu não sei o que você deve fazer. Eu não sei de nada, Maria. Eu só finjo que sei, e as pessoas compram a ideia. Isso é ridículo, Maria, é ridículo que eu ainda precise fingir. É só comigo que as coisas são assim, ou é com todo mundo? Por favor, diz que é com todo mundo, Maria, e me diz que todo mundo no mundo é igual. Todo mundo no mundo carrega uma cruz. Maior ou menor, sempre é a mesma cruz. As mesmas dores, as mesmas dúvidas, os mesmos problemas. Eu tenho todos esses problemas que todo mundo tem, Maria, e eu não sei o que fazer com isso. Eu não sei mesmo, Maria. Eu não sei.

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