12 de junho de 2013

[só]

No fundo, todo mundo é igualmente solitário. Quando a noite cai, quando os outros morrem, resta um ser, e só. Só o Ser. Só umas lembranças do que as outras pessoas já foram. Só um borrão do que existe à luz do Sol e da Lua. Só aquelas estrelas meio psicodélicas que aparecem pra nós quando fechamos nossos olhos.
     
Dá pra contar com a companhia dos amigos ou de uma música. Da família, ou de um animal irracional. Mas acompanhar não vinga. Dois em um não vinga. Viajar. Grandes grupos. Cidade, estado, país, continente. Nada disso floresce, ou espera pra que veja a Vida passar. Valorizamos tanto a individualidade, o individualismo, o único ser. Qual o sentido em ser, se a morte está à espreita e quase nada do que fomos resta depois que deixamos a superfície, e vamos ser esquecidos no subsolo?  No fundo, todo mundo é igualmente desnecessário.
     
Nunca tive razões pra sofrer pela solidão em um Dia dos Namorados. Mas sempre tive razões pra sofrer pela solidão de todos os outros dias. De todos os anos que vivi até agora. De todo esse buraco que me consome, ainda que eu agora tenha gentes com quem dividir as frustrações. Mesmo assim. Quando a noite cai, conforme os outros morram, restarei eu, só. Só eu. Só umas lembranças do que as pessoas ao meu redor são, e já foram. Só um borrão de memória das coisas que eu vejo enquanto há luz. Só aquelas estrelas meio psicodélicas que aparecem quando fechamos os olhos, e encaramos o mais íntimo do vazio da nossa solidão.
   
      

2 comentários:

  1. triste, bonito, faz pensar, refletir, simplesmente o que eu procurava, perfeito nada mais.

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  2. Ao final de cada dia, quando me deito penso no quao só nós somos... Por mais que exista um outro, um namorado/marido, ha coisas que só nós podemos fazer por nós! Somos 100% responsaveis por nossos pensamentos e sentimentos... Só nós. Apenas nós!

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