Cavei um buraco. Foi de forma discreta, silenciosa. Fiz
algum alarde, mas na verdade não deixei claro o que vinha fazendo. Por algum
motivo, as pessoas ainda pensam que há muito mais que se possa fazer em um campo
vazio, com uma pá em mãos, e qualquer fresta de tempo livre.
A verdade é que nós não somos tão criativos assim sob Sol
escaldante, com tão poucas ferramentas e opções disponíveis. Antes que nos
demos conta, o buraco está cavado, e já estamos lá dentro, confortavelmente
acomodados em posição fetal. Choramos. Faz parte, não é.
Pode demorar um pouco até que encontremos motivação ou meios
para escalar as paredes mais ou menos longas do buraco em que estamos. Talvez,
no fundo daquele buraco quentinho e aconchegante, haja um tesouro. Ou qualquer
coisa do tipo. Talvez lá esteja um recomeço, uma nova oportunidade, uma vontade
de sorrir, ou só uma corda, muito simples, mas útil para que saiamos dali.
Talvez, no fundo, não desejemos abandoná-lo. É confortável
se esconder de tudo. Mas a vida continua, e podemos perder mais tempo que
necessário remoendo coisas em processo de serem deixadas pra trás.
Cavei um buraco, e entrei nele; não pretendo sair tão cedo.
Só saio quando encontrar meu tesouro;
só saio quando me reencontrar.
Ando em círculos dentro do meu buraco.
ResponderExcluirA pá descansa no chão...Ignoro a corda.
Não gosto do buraco, mas dá um certo medo abandoná-lo...
É o MEU buraco... e se alguém toma meu buraco?
Mas é hora de sair do buraco...
Deveria ser pelo menos... quando... ninguém sabe.