20 de janeiro de 2012

Haicai

Bonecas de plástico
Sorriem; sempre sozinhas,
Sempre de plástico.

Frenesi



O horizonte se ergueu e as luzes foram apagadas
Cruzamos estradas fechados em carros lotados;
As horas transcorrem-se sem batalha,
E o silêncio matuta versos horrendos.

Vozes escuras corrompem os traços
Que alguém caprichosamente delineou.
Mas, vejam! Qual sábio aceitaria
Tamanha feiura perante o Sol e os Céus?

Os ventos passeiam e cruzam-se
Numa sucessão de voos majestosos e fúnebres
A chuva perpassa, os pássaros voam pesarosamente;
Engole-se a ceia sem qualquer cerimônia

E qualquer olhar mais atento saberia
Que a verdade se escondia bem ali, atrás do mundo;
O mundo torto e desajustado que construímos
Sem pensar no quanto seríamos infelizes.

[Poesia originalmente utilizada no concurso cultural "Fragmentos do Cotidiano" da EDUFU - Editora da Universidade Federal de Uberlândia]
[Imagem: Cidade do Cabo] 

Aqui

Aqui, aqui.
Aqui estou, aqui.
Mas querendo estar ali.
Eu quero estar ali.
Ou lá, estar bem lá. Lá bem longe.
Bem lá longe, longe de mim.
Bem perto, perto de tudo.
De tudo que está bem longe de mim.
Tudo que não está aqui.
Aqui, aqui.
Eu estou aqui.

[Imagem de fonte não identificável]